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Hoje, trago essa resenha do livro de contos “Dentes de Leite”, do escritor e jornalista catarinense Antonio Pokrywiecki.
Vem comigo?
Lançamento da editora Cachalote, a coletânea de contos Dentes de leite é o segundo livro do escritor e jornalista catarinense Antonio Pokrywiecki. Com orelha do escritor Joca Reiners Terron, o livro apresenta ao leitor seu lado perverso já a partir do título que, à primeira vista, pode soar inocente. Nas palavras de Terron, isto fica explícito: "A primeira lição acerca da morte nos é dada pelos dentes de leite".
A obra chama a atenção pela ilustração da capa, de autoria de Bambi. Nela, estão desenhados um dente, um coelho, um sapato de salto alto, uma coleção de discos e a figura de um homem que lembra um vampiro. Apesar de manter o mesmo estilo cartunesco, a ilustração deste homem traz uma quebra ao tom inofensivo que os outros elementos parecem evocar, revelando-se sombrio.
Os sete contos que compõem a obra parecem seguir esta lógica, em que situações do cotidiano são apresentadas a partir de uma bússola moral que não é tão moral assim - como o pai que se preocupa com os olhares de outros meninos à sua filha, uma adolescente de 13 anos, quando estes mesmos olhares também partem dele, no conto "Balneário".
A apresentação dos personagens de Pokrywiecki é 100% humana - mesmo quando aborda contextos que beiram o absurdo, caso de "O Anjo Exterminador", que traz uma sociedade organizada por Torres de Aço ou de Vidro (ou ambos). Neste conto, uma das questões centrais é a percepção do narrador em relação à sua parceira, Suzanna, a quem não ama de verdade, mas mantém o relacionamento pela comodidade.
O conto que dá título ao livro, "Dentes de leite", surpreende ao trazer um personagem de nome Rainer Maria - uma referência clara ao poeta austríaco Rainer Maria Rilke -, garoto prodígio vítima de bullying escolar que tem seus incisivos superiores arrancados por um colega. A narrativa, que parte de um episódio de violência, lança luz à negligência dos pais de ambos os pais diante da situação, que parecem mais mergulhar para dentro dos próprios fluxos de consciência do que por ações e diálogos concretos.
Na minha leitura, vejo Dentes de Leite seguir uma tradição que se aproxima do insólito latino-americano que vem se tornando mais proeminente nos últimos anos. A obra se destaca por sua escrita sóbria, mas que vai se enveredando ou, melhor, revelando os caminhos no mínimo repulsivos da natureza humana.
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Gostei da resenha! Esse estava no meu Kindle, esperando a vez. Depois dessa leitura, vou pegar ele pra ler :)