#24 - Dia do Sexo: 6 indicações 🔥
De clássicos a contemporâneos, hoje recomendo 6 livros dentro do universo do erotismo
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Setembro é um mês com diversas bandeiras e efemérides. A começar pelo início da primavera, a temporada virginiana levanta questões como saúde mental, direitos das pessoas com deficiência, visibilidade bissexual, dentre outros temas relevantes.
A data em que envio esta edição é 06/09, essa data safada (possivelmente pela denominação numérica, 6 e 9, que junto vira 69) em que se celebra o Dia do Sexo. Muito provavelmente essa efeméride tem implicações mais publicitárias do que políticas. Entretanto, ainda assim, acho importante a gente falar sobre corpo e sexualidade - em especial, no contexto feminino.
Pautar esses assuntos ainda é algo minado de tabus. Sei que corro o risco de levantar olhares tortos, ser taxada de "promíscua" (para não falar coisa pior) ou encontrar a minha caixa de mensagens lotada de homens que veem, no meu posicionamento, liberdade para me assediar. Mas, ainda assim, acredito que a nossa autonomia, enquanto classe mesmo, só vem a partir do momento em que a gente reivindica, e reivindicar vem, necessariamente, do falar.
Nesta edição, também quero testar um novo formato de boletim - o de indicações - que é bem utilizado em newsletter, inclusive as que eu acompanho, como o
, que faz um balanço super bacana de programas culturais para fazer em São Paulo.Bom, chega de blá-blá-blá e vamos ao que interessa. Separei 6 (referenciando o dia 6) obras clássicas e contemporâneas; romances, poesia, ensaios, contos escritos por mulheres que abordam esse universo. Conheça:
1, Delta de Vênus - histórias eróticas, de Anäis Nin (1977) - contos
Delta de Vênus - histórias eróticas é um volume de contos da escritora francesa Anaïs Nin, que foi publicado postumamente. A obra aborda temas como erotismo, prostituição, infidelidade e, até mesmo, incesto. Este livro é considerado um clássico no que diz respeito à literatura erótica, e Nin se destaca pelo viés surrealista e poético de suas narrativas. A edição brasileira, publicada pela L&PM, é traduzida por Lúcia Brito. Uma curiosidade interessante é que o erotismo em Anaïs Nin surge como exercício analítico, em que cria, ficcionalmente, formas de lidar com o abandono paterno.
2. Barriga ao alto, de Gertrude Stein (1932) - poesia
Conhecida por seus procedimentos de escrita não-convencionais, Gertrude Stein dedicou algumas de suas publicações à esposa, a também escritora Alice B. Toklas. Em Barriga ao alto, temas como identidade e sexualidade são trabalhados não só na temática como também na forma. A edição brasileira, publicada pela Macondo Edições, é traduzida por Patrícia Lino.
3. Tatuagem [mínimo romance], de Geruza Zelnys (2016) - romance experimental
Mais um livrão surrealista (!), Tatuagem [mínimo romance] é um quebra-cabeça que envolve uma espécie de triângulo amoroso entre um médico e a narradora, que não sabemos se é apenas uma pessoa ou um duplo. Trata-se de um livro cujo estilo acompanha a intensidade e a contradição emocional, como se fosse, de fato, escrito com o corpo. Escrevi uma resenha dele, que você pode ler aqui.
4. 69 poemas e alguns ensaios, org. Raquel Menezes e Mulheres que Escrevem (2020) - antologia
Na minha opinião, este é o melhor livro erótico que a gente tem no Brasil, hoje, no que diz respeito à poesia contemporânea de mulheres. Isso porque ele traça uma espécie de mapeamento de autoras do país todo, mostrando a singularidade de como cada uma percebe o erotismo. Algumas das poetas desta seleção são Lilian Sais, Natasha Félix e Sara Síntique. Mas é a presença de ensaios que versam sobre o assunto - um deles escrito pela Adelaide Ivánova - o que torna este projeto verdadeiramente diferenciado.. Esta edição, uma parceria entre as editoras Jandaíra e Oficina Raquel, conta com ilustrações de Clara Zuñiga.
5. Sal, de Mar Becker (2022) - poesia
Uma das vozes mais proeminentes na poesia brasileira hoje, a gaúcha Mar Becker se destaca por explorar desejo e intimidade em lugares e situações muito particulares, que remontam, por exemplo, o ambiente doméstico. Apesar dessa descrição parecer muito trivial para quem não a conhece, a potência poética de Mar Becker é impressionante e minuciosa, principalmente pela força da beleza de suas imagens. Para quem já conhece o trabalho da autora, Sal também traz uma revisita (uma re-tessitura, digamos assim) de poemas anteriormente publicados pela autora.
6. Todas as minhas mortes, de Paula Klien (2024) - romance/autoficção
Estreia na literatura da renomada artista plástica Paula Klien, Todas as minhas mortes tem, como ponto nevrálgico, o corpo da mulher e sua história, destacando principalmente temas ligados à maternidade, como o desejo de ser mãe e os múltiplos abortos vividos pela protagonista, Lavi. Entretanto, o enfoque no corpo também é explorado (e de forma muito divertida) em assuntos como a masturbação feminina, as primeiras experiências sexuais e o envelhecimento. Escrevi uma resenha dele no Jornal Nota, que você pode ler aqui.
Confira:
Escrevi a orelha do livro novo da Júlia Gamarano, Ao meu único desejo
Li um poema do livro Vira uma pedra o tempo, da Maíra dal'Maz
Escrevi uma resenha de Pesadelo Tropical, de
no Le Monde DiplomatiqueEscrevi um comentário sobre Alma corsária, da Cláudia Roquette-Pinto
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